segunda-feira, dezembro 28, 2009

Ode à paciência no processo de criação

Presente surpresa encomendado nesse fim de ano, ganhei o livro História de Canções - Chico Buarque. Organizado por Wagner Homem, que pelo jeito conviveu muito com ele e acompanhou de perto sua carreira, o livro oferece um conjunto expressivo de letras das músicas de Chico ao longo dos últimos cinquenta anos, e conta histórias e anedotas ao redor de cada uma delas.
Uma que me chamou a atenção leva o nome de Xote da Navegação. A música, segundo Chico, foi composta por Dominguinhos, e jazia esquecida numa gaveta até que, uns quinze anos depois foi resgatada. A melodia atendia às demandas de uma canção que ele estava gestando, cujo mote era a passagem do tempo, associada à ideia de paciência.
O divertido dessa história, para mim, era que “paciência” é uma homenagem de Chico às horas que ele entreteve-se com o jogo de mesmo nome em um dos primeiros computadores que ganhou, enquanto a inspiração para compor demorava-se a vir.
Para fãs ardorosos de um compositor, a cena de seu ídolo angustiado frente ao micro, ocupando-se com um game enquanto a rima mais precisa recusava-se a emergir, parece intriga da oposição. No fundo, é um alento: se até o Chico Buarque permitia-se trocar a tela e distrair-se com outra coisa enquanto organizava criativamente o que tinha a dizer, nós, pobres mortais, estamos perdoados pelos nossos inumeráveis desvios.

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Atualização: Descobri, após publicar o post, que sou uma péssima leitora de orelhas de livros. Isso porque pela orelha já poderia ter descobrido que o Wagner não é companheiro de toda vida não. Ele é o produtor do site Chico Buarque, que reúne letras e causos sobre o compositor desde 1995. E não é que pode haver informações relevantes em orelhas?

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domingo, novembro 02, 2008

Além das Redes de Colaboração

Muitas leituras para colocar em dia...
Ainda está difícil, mas estamos na luta.
Uma delas são alguns dos artigos que foram publicados no livro Além das Redes de Colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do poder, organizado pelo Nelson Pretto e pelo Sérgio Amadeu.
São vários autores trabalhando o tema, gente que merece atenção.

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sexta-feira, setembro 26, 2008

Visões além da tela: Ensaio sobre a Cegueira

Ontem fui assistir Ensaio sobre a cegueira, o filme de Fernando Meirelles a partir do livro do José Saramago. Eu sou do time que leu e amou o livro, então estava ansiosa para saber se o filme estaria à altura do texto literário.
Gostei muito. Ele não desmonta a prazerosa memória que eu tinha da leitura e, à sua maneira, gera também desconforto e inquietação. A fotografia é primorosa, os atores estão bem, a direção do Meirelles confirma seu bom timing para situações de tensão (como em Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel, que aliás revi recentemente com os alunos).
Agora, uma provocação em especial está dada para quem vive em São Paulo. A cidade está no filme quase que o tempo todo, mas não está no filme, por que ela serve de cenário para um lugar anônimo. A cidade em que se passa o filme pode ser qualquer metrópole do mundo ocidental contemporâneo, e Meirelles brinca com isso ao logo do filme, inundando nossos olhos com referências de grande familiaridade, mas esvaziando-as dos detalhes que poderiam nos garantir que trata-se sim da nossa cidade. É quase uma ousadia, despir a historicidade de uma cidade e depois oferecê-la na tela a seus próprios habitantes.
Pra completar, a trilha sonora é basicamente Uakti, cujo trabalho conversa maravilhosamente com a direção e o ritmo do filme.
Sem mais detalhes para não estragar o prazer de quem ainda não viu.

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segunda-feira, setembro 15, 2008

Eça de Queiroz - um século XIX tão atual

Ando encantada com a leitura do A Cidade e as Serras, do Eça de Queiroz, por sugestão da minha colega Cristiane Siniscalchi. O livro descreve,com vivacidade, uma relação de fascínio e fastio de um abastado herdeiro português que vive de rendas em Paris. Fascínio pela infindável fruição cultural, a abundante produção de literatura e filosofia, o contato cada vez mais estreito com o que há de melhor em todos os cantos do planeta, o conforto de estar servido pelas mais variadas inovações tecnológicas, como a eletricidade, o fonógrafo, o telégrafo, enfim, o que havia de mais recente em invenções na Europa. Fastio, por que aos poucos o personagem vai mergulhando numa inapetência total frente à tanta fartura, insuficiente para trazer-lhe alguma mobilização existencial.
Como há muito não lia Eça de Queiroz, tinha me esquecido da qualidade de sua prosa, e agora igualmente me delicio com a própria literatura, com passagens antológicas, e com o paralelo que ela pode propiciar entre o final do XIX e o período que estamos vivendo.
Recomendo com veemência.

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sábado, setembro 06, 2008

O poder de organizar sem organizações

A semana foi boa de leituras, e tive a sorte de chegar a três obras bem instigantes.
Um delas foi o Here comes everybody: the power of organizing without organizations, do Clay Shirky. Já tinha lido sobre o lançamento, mas encomendei o livro por sugestão do prof. Imre Simon, que estará na banca da minha defesa de tese e sugeriu essa leitura como inspiração. Ele acertou, pois o Shirky está tratando das formas como o uso das tecnologias da informação e comunicação alteram as articulações sociais e proporcionam oportunidades diferenciadas de ação conjunta. E isso realmente me interessa, pois um movimento importante do meu estudo é olhar para o que muda na ação humana de acordo com as "ferramentas culturais" utilizadas, como propõe o James Wertsch. E celulares, fóruns, msn, videos, etc, são todos ferramentas culturais.
Segue um trecho do livro do Shirky:
"Here's where our native talent for group action meets our new tools. Tools that provide simple ways of creating groups lead to new groups, lot's of new groups, and not just more groups, but more kinds of groups. (...) We now have communication tools that are flexible enough to match our social capabilities, and we are witnessing a rise of news ways of coordinating action that take advantage of that change. These communication tools have been given many names, all variations of one theme: "social software", "social media", "social computing" and so on... Though there are some distinctions between these labels, the core idea is the same: we are living in the middle of a remarkable increase in our ability to share, to cooperate with one another, and to take collective action, all outside the framework of traditional institutions and organizations".p.20

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sábado, fevereiro 24, 2007

Migração do blog: amores e temores

Finalmente arranjando um tempinho para migrar para a nova versão do Blogger, agora atrelada ao Google. Vamos torcer para esta história toda dar certo, esta concentração de serviços na mão de uma empresa dá aflição, é muito poder, muita capacidade de juntar informações e acabar com as suas informações a qualquer momento, sei lá...
Aliás, vou inaugurar logo mais a seção "Estou lendo", e um dos motivos é que estou lendo "A Busca", do John Battelle, sobre o Google e como ele se tornou o gigante que é... Recomendo!

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