domingo, outubro 02, 2011

De volta às praças

Na semana passada conheci um movimento bem interessante aqui na minha vizinhança, chamado Boa Praça.
Cheguei ao encontro atraída pela feira de trocas de livros e brinquedos entre as crianças. Há tempos pensava que essa seria uma forma bem interessante de renovar o repertório de leituras dos meus filhos, e essa me pareceu uma ótima oportunidade de fazer isso.

A ideia foi um sucesso aqui em casa, a começar da conversa sobre como selecionar o que gostaríamos de trocar. Na hora das negociações, maturidade total da criançada, muito camaradas. E a farra de curtir outros brinquedos, indicar os livros, brincar juntos por lá.
A feira, que acontece todo o último domingo do mês, é uma das atividades desse movimento, que trabalha para trazer de volta as pessoas às praças, mobilizá-las pela sua recuperação, pressionar o poder público a fazer a sua parte. O mutirão para dar um trato nos bancos foi uma das atividades, e vi bastante gente bem empenhada nesse trabalho, que não me parece dos mais simples.

Encontrei amigos que também se identificaram com a proposta, e conheci várias outras pessoas que moram por aqui. Houve também um super piquenique comunitário, que deu um clima muito gostoso ao evento.

Entre os adultos, ficou a vontade de trazermos também nossas coisas, livros, apetrechos de casa, bijuterias. E voltarmos às ruas, às praças, enfim, retormarmos esses espaços onde antigamente a vida acontecia com mais naturalidade, sem a neura da proteção das grades dos condomínios nem o apelo comercial que povoa os espaços dos shoppings.

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segunda-feira, abril 25, 2011

Surpreendida por interfaces digitais


Em tempos de variedades de interfaces digitais em todo tipo de equipamento ao nosso redor, a cada momento me deparo com exemplos que reforçam meu apoio à conceituação proposta pelo psicólogo James Wertsch: compreender a ação humana é ser capaz de descrever a relação de "agentes-agindo-com-ferramentas-culturais". Altere uma variável nessa relação e pode ter certeza que uma nova descrição será necessária.
Há alguns meses essa observação foi acionada ao dirigir um carro que, ao invés de possuir o velocimetro tradicional, possui um velocimetro que apresenta os algarismos correspondentes à velocidade do momento.
Não demorou muito para perceber que essa alteração gera um certo conforto mental. Há uma economia de operações quando posso simplesmente comparar o valor indicado nas placas da rua com o do velocimetro digital, sem precisar decodificar a informação indicada pelo movimento do ponteiro vermelho, para então concluir se estou dentro do limite permitido.
Caso estejam bem sinalizadas as vias, poderia arriscar o palpite de que motoristas dirigindo carros com velocimetros digitais (e predispostos a respeitarem as leis de trânsito, evidentemente) terão menos multas.
Recentemente, foi o Ipod Touch que me surpreendeu, por me oferecer uma "ferramenta cultural" diferenciada. Ao ouvir as canções de The Very Best of Sting & The Police , dei de cara com a letra de cada música na tela. Vejo agora, checando na internet, que não é exatamente uma novidade, mas me pegou totalmente de surpresa. Quantas e quantas vezes saímos de nosso caminho para ir atrás da letra de uma canção? Quanto da nossa improvisação já dedicamos à elocubrar sobre qual seria a letra, especialmente se ela estivesse sendo cantada em outro idioma? Quais os ganhos possíveis na aquisição de linguagem escrita e expansão do repertório poético e lexical para os jovens que crescerem tendo essa outra experiência de fruição cultural? Ouvir música, nesse cenário, torna-se uma ação que demanda novas descrições.

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segunda-feira, novembro 30, 2009

verdades e mentiras sobre uma enfermidade urbana

Leio no Destak (que recebi como jornal impresso, no carro, enquanto aguardava o sinal abrir) que há um projeto de lei na Câmara Municipal de São Paulo para se estender o horário do Rodizío Municipal de Veículos até as 21h.
Pode ser que que essa medida tenha algum efeito, talvez o de estender a "hora do rush" até mais tarde. Serão ainda mihões de carros na lentidão das 18h às 19h, das 19h às 20h, e agora das 21h às 22h. Talvez tenhamos alguma chance de ficar menos tempo parados nas avenidas, chegaremos em casa mais tarde nesse dia, quem sabe menos estressados.
Há alguns meses escrevi, para uma atividade na escola - um texto que simulava um artigo de jornal. A idéia era mobilizar os alunos para a discussão sobre direitos individuais e direitos coletivos. Carreguei nas tintas com propostas esdrúxulas, mas verossímeis, para tornar possível a continuidade da circulação dos transportes motorizados em São Paulo. Não reproduzirei aqui nem o texto, nem as idéias brilhantes, para evitar algum funcionário sem inspiração resolva encampar as iniciativas e torná-las projetos de lei. Me disseram na época:"O artigo é fake, mas daqui a alguns anos não será...".
A manchete do Destak de hoje me fez pensar: se São Paulo fosse um corpo, ele estaria doente. Um dos sintomas, graves, é o engrossamento do sangue, razão desse cotidiano insano de ampliação dos quilometros de lentidão na cidade. Remédios possíveis? O número 1, reafirmando o óbvio, é a diminuição de veículos nas ruas. Essa diminuição, para repetir outra obviedade, não ocorrerá sem um intenso trabalho de fortalecimento do transporte público.
O que raramente vemos mencionado é a contradição entre a continua superação dos números de vendas da indústria automobilística e a piora do quadro dessa urbe enferma. Facilidade de crédito, redução do IPI, tudo isso é lindo para fazer girar o capital e sim, para garantir emprego para um número expressivo de trabalhadores. Mas é como continuar a oferecer alegremente doces para um diabético.
Não há como se evitar, a médio (talvez curto) prazo, que se olhe sem máscaras para a equação "altissima produção + consumo intenso de veículos particulares" = "definhamento da vida na cidade + piora na saúde de seus habitantes".

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Aos leitores desse blog, aviso que retomamos também o blog do EducaRede no Campus Party, começando a falar dos preparativos e dos temas do Campus party 2010.

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