domingo, junho 11, 2006

A cultura esvaziada pelo marketing cultural

"Idade das Trevas" é o nome do artigo de hoje do crítico Jorge Coli na Folha de S. Paulo. Ele faz uma análise muito instigante sobre os problemas entre cultura e patrocínio cultural, uma associação que não é nova, mas que traz questões complexas sobre a natureza da produção cultural.
A diferença que Coli aponta está no objetivo final do patrocínio cultural: na medida em que seu foco é a obra de arte, ainda que haja caminhos não muito nobres na obtenção de recursos para consolidar uma coleção, é possível que ela se perpetue como um acervo de importância, sem descaracterizar-se. Um exemplo citado é a trajetória de Assis Chateaubriand e a fundação do MASP,que, como lembra Coli, "nasceu como coleção, não como prédio".
Já quando a cultura se torna pretexto para o negócio do "marketing cultural", o vale tudo toma conta das relações e das obras. Afirma Coli:
"Marketing e cultura são excludentes; o marketing esvazia qualquer manifestação artística ou cultural a ele submetida. Faz com que perca sua natureza, transforma-a em pretexto. Nesses casos, a obra, mesmo de corpo presente, some. Visível, mas invisível, aquilo que contém de essencial e profundo fica escamoteado".
Reflexões fundamentais em época de um Brazil Connections desmascarado (e o Edemar Cid Ferreira preso) e de um Masp às escuras por conta de uma gestão vaidosa e cega às responsabilidades que possui.
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