Internet na escola não resolve problemas, fabrica novos’
Olha só o título da entrevista da Emília Ferreiro, aluna de Piaget, e grande divulgadora do termo "construtivismo" em terras latino-americanas.
Seguem abaixo alguns trechos, para se pensar:
Com o computador, que chega também à rede pública, as crianças têm acesso a universos muito distintos, mas também a hipertextos, links, que fogem do padrão linear da leitura do livro. Isso influencia na alfabetização?
O computador quando é processador de texto é uma coisa, quando é internet é outra, chat é outra, e-mail é outra. Como processador de texto já é de uma utilidade pedagógica sensacional. Na escola tradicional, a revisão de texto é feita pela professora. Com os processadores de texto se pode socializar a revisão. Um dos objetivos da alfabetização é formar um produtor autônomo e para isso o computador é fantástico. É apaixonante como se pode instaurar desde o começo uma atitude de responsabilidade frente ao próprio texto, deixá-lo mais eficaz como mensagem para transmitir a outro. Se escrevo para uma diversidade de destinatários - outra vez a diversidade -, isso muda o texto, tenho de pensar o que digo em função de um interlocutor, e não de uma professora que só está interessada na ortografia. Isso tem repercussão cognitiva e no processo de socialização da criança.
E o contato com a internet?
Com a internet, o problema não é tanto ser linear ou não. O problema é o seguinte. Eu busco, acho um site, que tem um link para outro lugar, e dele vou para outro, e em pouco tempo já nem sei o que buscava. Sou um barco perdido no meio do mar sem porto de chegada. Uma das dificuldades é que cada opção abre outras opções. É muito fácil se perder e o desafio é manter o objetivo da busca diante de uma multiplicidade de opções. É uma coisa que a escola nunca ensinou. Outra coisa é que busco e aparecem cem opções, como escolho? Com que critérios seleciono? O problema da reação aos buscadores é que pensamos que existe alguém por trás que saiba tudo e me mostre tudo e me leve a tudo. E não é assim. Um dos problemas sérios é aprender a duvidar da internet, que nem sempre me traz o que busco. Para navegar eficientemente na internet é preciso ter uma série de atitudes novas, tomar decisões rápidas e extrair informação.
Mas a maneira de ler muda?
Não tem de ler como se ensinava antes na escola, começava do início e seguia até o fim da página. Isso é interessante, porque na internet, numa busca, é diferente, tem de ter critérios e selecionar, ler de todos os pontos. Uma coisa que se está discutindo seriamente são esses critérios de confiabilidade da internet. Nos objetos livro, revista e jornal, eu tenho critérios antes de começar a ler. A aparência do livro já me diz se é bem editado ou não. A quantidade de fotos e a distribuição de propaganda em uma revista ou jornal me dizem algo. E são objetos que há séculos circulam na sociedade, então temos tanta prática com eles que podemos dizer rapidamente de que tipo se trata. Agora, um site, se é de uma editora, eu transfiro para o site a confiabilidade que eu tinha à editora. Mas esses são a menor parte. Esse é um produto educativo muito sério. Desde que haja um tema polêmico, você vai encontrar uma multiplicidade de vozes na internet.
Qual a melhor maneira de lidar com essa falta de critérios?
Creio que ainda não sabemos como lidar com isso, porque tudo isso é muito novo para a escola. Ter internet na escola não resolve os problemas, fabrica novos, mas que são desafios interessantes. Para adolescentes, discutir junto com eles, colocá-los em busca dessas respostas, é uma situação que pode ser apaixonante, inclusive usando a experiência que eles já têm com a internet. É preciso saber enfrentar os problemas educativos novos que nos são colocados. A internet traz um novo tipo de diversidade à escola.
Menção vista na página do Educarede.
Seguem abaixo alguns trechos, para se pensar:
Com o computador, que chega também à rede pública, as crianças têm acesso a universos muito distintos, mas também a hipertextos, links, que fogem do padrão linear da leitura do livro. Isso influencia na alfabetização?
O computador quando é processador de texto é uma coisa, quando é internet é outra, chat é outra, e-mail é outra. Como processador de texto já é de uma utilidade pedagógica sensacional. Na escola tradicional, a revisão de texto é feita pela professora. Com os processadores de texto se pode socializar a revisão. Um dos objetivos da alfabetização é formar um produtor autônomo e para isso o computador é fantástico. É apaixonante como se pode instaurar desde o começo uma atitude de responsabilidade frente ao próprio texto, deixá-lo mais eficaz como mensagem para transmitir a outro. Se escrevo para uma diversidade de destinatários - outra vez a diversidade -, isso muda o texto, tenho de pensar o que digo em função de um interlocutor, e não de uma professora que só está interessada na ortografia. Isso tem repercussão cognitiva e no processo de socialização da criança.
E o contato com a internet?
Com a internet, o problema não é tanto ser linear ou não. O problema é o seguinte. Eu busco, acho um site, que tem um link para outro lugar, e dele vou para outro, e em pouco tempo já nem sei o que buscava. Sou um barco perdido no meio do mar sem porto de chegada. Uma das dificuldades é que cada opção abre outras opções. É muito fácil se perder e o desafio é manter o objetivo da busca diante de uma multiplicidade de opções. É uma coisa que a escola nunca ensinou. Outra coisa é que busco e aparecem cem opções, como escolho? Com que critérios seleciono? O problema da reação aos buscadores é que pensamos que existe alguém por trás que saiba tudo e me mostre tudo e me leve a tudo. E não é assim. Um dos problemas sérios é aprender a duvidar da internet, que nem sempre me traz o que busco. Para navegar eficientemente na internet é preciso ter uma série de atitudes novas, tomar decisões rápidas e extrair informação.
Mas a maneira de ler muda?
Não tem de ler como se ensinava antes na escola, começava do início e seguia até o fim da página. Isso é interessante, porque na internet, numa busca, é diferente, tem de ter critérios e selecionar, ler de todos os pontos. Uma coisa que se está discutindo seriamente são esses critérios de confiabilidade da internet. Nos objetos livro, revista e jornal, eu tenho critérios antes de começar a ler. A aparência do livro já me diz se é bem editado ou não. A quantidade de fotos e a distribuição de propaganda em uma revista ou jornal me dizem algo. E são objetos que há séculos circulam na sociedade, então temos tanta prática com eles que podemos dizer rapidamente de que tipo se trata. Agora, um site, se é de uma editora, eu transfiro para o site a confiabilidade que eu tinha à editora. Mas esses são a menor parte. Esse é um produto educativo muito sério. Desde que haja um tema polêmico, você vai encontrar uma multiplicidade de vozes na internet.
Qual a melhor maneira de lidar com essa falta de critérios?
Creio que ainda não sabemos como lidar com isso, porque tudo isso é muito novo para a escola. Ter internet na escola não resolve os problemas, fabrica novos, mas que são desafios interessantes. Para adolescentes, discutir junto com eles, colocá-los em busca dessas respostas, é uma situação que pode ser apaixonante, inclusive usando a experiência que eles já têm com a internet. É preciso saber enfrentar os problemas educativos novos que nos são colocados. A internet traz um novo tipo de diversidade à escola.
Menção vista na página do Educarede.
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