Melancólico corte nas aulas de História
Fiquei engasgada com a decisão da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo de reduzir o número de as aulas de história no Ensino Médio para incorporar o ensino de Sociologia, como foi noticiado há uma semana.
Tenho discutido essa questão diretamente, pois como professora de história tenho que me defrontar, a cada ano, com as expectativas de cobertura de um conteúdo muito amplo num tempo que é estreito. A discussão sobre as opções curriculares envolve, na escola em que eu trabalho, os professores das 3 séries e os professores de geografia. E tenho repetido, em vários momentos da nossa reflexão, que acredito que precisaríamos dedicar mais tempo às atividades de história.
O post do Jarbas Novelino sobre o tema, Fim da História, mexeu comigo: não é possível ficar engasgada e se calar, quando o tema é a arbitrariedade com que tomam-se decisões curriculares. E não quero entrar aqui no mérito sobre qual disciplina tem maior ou menor importância na formação básica. Mas acho que é preciso olhar com muita preocupação para um Estado que coloca o estudo de História em segundo plano.
Nesse dezembro em que se completam 40 anos do decreto do AI5, a aposta na pobreza educacional e no chamado "desapego do brasileiro à memória" aponta para a necessidade permanente de uma educação que possa trazer aos jovens a compreensão de que nada é dado de forma gratuita na construção da vida em sociedade. Num ano em que acompanhamos discussões no STJ sobre a legalidade da pesquisa científica a partir de células-tronco de embriões que seriam descartados, foi preciso retomar com os alunos o sentido da criação de um Estado Laico no país. Num momento em que essa mesma instituição tem de posicionar-se sobre a manutenção da integridade de reservas indígenas constitucionalmente demarcadas, é preciso olhar para a historicidade de todos esses processos, sob pena de ficarmos rendidos a uma lógica absolutamente imediatista dos grupos que melhor se articulam.
Tenho discutido essa questão diretamente, pois como professora de história tenho que me defrontar, a cada ano, com as expectativas de cobertura de um conteúdo muito amplo num tempo que é estreito. A discussão sobre as opções curriculares envolve, na escola em que eu trabalho, os professores das 3 séries e os professores de geografia. E tenho repetido, em vários momentos da nossa reflexão, que acredito que precisaríamos dedicar mais tempo às atividades de história.
O post do Jarbas Novelino sobre o tema, Fim da História, mexeu comigo: não é possível ficar engasgada e se calar, quando o tema é a arbitrariedade com que tomam-se decisões curriculares. E não quero entrar aqui no mérito sobre qual disciplina tem maior ou menor importância na formação básica. Mas acho que é preciso olhar com muita preocupação para um Estado que coloca o estudo de História em segundo plano.
Nesse dezembro em que se completam 40 anos do decreto do AI5, a aposta na pobreza educacional e no chamado "desapego do brasileiro à memória" aponta para a necessidade permanente de uma educação que possa trazer aos jovens a compreensão de que nada é dado de forma gratuita na construção da vida em sociedade. Num ano em que acompanhamos discussões no STJ sobre a legalidade da pesquisa científica a partir de células-tronco de embriões que seriam descartados, foi preciso retomar com os alunos o sentido da criação de um Estado Laico no país. Num momento em que essa mesma instituição tem de posicionar-se sobre a manutenção da integridade de reservas indígenas constitucionalmente demarcadas, é preciso olhar para a historicidade de todos esses processos, sob pena de ficarmos rendidos a uma lógica absolutamente imediatista dos grupos que melhor se articulam.
3 Comments:
oi querida!
me preocupam as regras de cima para baixo de maneira geral... onde está a escola que encoraja o vôo de rubem alves? não é só na história, mas no currículo de forma geral. hoje ensina-se para passar no vestibular: e ponto final!! onde fica o cidadão? aliás, onde fica o ser humano? mais uma vez vai ficar na mão da escola mudar ou não isso e do aluno "ter sorte" de ter um professor que ouse... mas nosso trabalho de formiguinha vai continuar, e todos devemos ousar. A escola deve ser um espaço de evolução para o aluno, de transformação. Um espaço que instiga, que cutuca a vontade e a criatividade, que semeia a busca e o prazer pela jornada dos descobrimentos. E a gente vai fazendo!! Uma hora "os caras" que estão decidindo vão acordar, ou então um de nós vai virar "os caras"!!!!
um grande beijo e fica aqui o meu abraço de solidariedade nesta hora tão difícil!! :)
Estou gostando muito do seu blog!
Freqüentemente preciso chamar as pessoas a uma perspectiva histórica quando a conversa caminha para os lados do "o que será do nosso futuro?".
Reina um pessimismo e um involucionismo (a crença de que o passado era mais avançado que o presente e esse é menos ruim do que o futuro) que atribuo ao desconhecimento da história.
Sociologia é muito importante e fico feliz que exista nos currículos escolares, na minha época só havia aula de adestramento (Moral e Cívica), mas não vejo como refletir (sociologia, acho, não se ensina, se reflete) sem o conhecimento mínimo de História.
Olás Ana Laura e Roney,
pois é, anda complicada essa nossa camisa de força das legislações educacionais.
eu entendo por um lado - tenho dificuldades com as propostas educacionais só baseadas no interesse imediato do aluno, prontas a abrir mão de todo resto do currículo se os tais alunos não derem a pista que se interessam.
por outro, precisa caber tudo? onde? quando? afinal, a educação escolar é uma conversa situada, um exercício que precisa auxiliar os estudantes a continuarem essas conversas e outras leituras de mundo nos momentos que estão longe da instituição.
então o que precisamos realmente é de reflexão, de capacidade de escuta e convivência, de aprendizagem pelo troca (aliás, coisa que estamos fazendo muito bem aqui pela internet, apesar de algumas pessoas vilanizarem esse meio).
Sim, precisamos promover a criatividade, a ampliação de horizontes, o gosto pelo conhecimento do mundo. Ajudando os meninos a organizar essas idéias e se prepararem para ir em busca de mais.
bom ver vcs por aqui!
abços
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