Visões além da tela: Ensaio sobre a Cegueira
Ontem fui assistir Ensaio sobre a cegueira, o filme de Fernando Meirelles a partir do livro do José Saramago. Eu sou do time que leu e amou o livro, então estava ansiosa para saber se o filme estaria à altura do texto literário.
Gostei muito. Ele não desmonta a prazerosa memória que eu tinha da leitura e, à sua maneira, gera também desconforto e inquietação. A fotografia é primorosa, os atores estão bem, a direção do Meirelles confirma seu bom timing para situações de tensão (como em Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel, que aliás revi recentemente com os alunos).
Agora, uma provocação em especial está dada para quem vive em São Paulo. A cidade está no filme quase que o tempo todo, mas não está no filme, por que ela serve de cenário para um lugar anônimo. A cidade em que se passa o filme pode ser qualquer metrópole do mundo ocidental contemporâneo, e Meirelles brinca com isso ao logo do filme, inundando nossos olhos com referências de grande familiaridade, mas esvaziando-as dos detalhes que poderiam nos garantir que trata-se sim da nossa cidade. É quase uma ousadia, despir a historicidade de uma cidade e depois oferecê-la na tela a seus próprios habitantes.
Pra completar, a trilha sonora é basicamente Uakti, cujo trabalho conversa maravilhosamente com a direção e o ritmo do filme.
Sem mais detalhes para não estragar o prazer de quem ainda não viu.
Gostei muito. Ele não desmonta a prazerosa memória que eu tinha da leitura e, à sua maneira, gera também desconforto e inquietação. A fotografia é primorosa, os atores estão bem, a direção do Meirelles confirma seu bom timing para situações de tensão (como em Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel, que aliás revi recentemente com os alunos).
Agora, uma provocação em especial está dada para quem vive em São Paulo. A cidade está no filme quase que o tempo todo, mas não está no filme, por que ela serve de cenário para um lugar anônimo. A cidade em que se passa o filme pode ser qualquer metrópole do mundo ocidental contemporâneo, e Meirelles brinca com isso ao logo do filme, inundando nossos olhos com referências de grande familiaridade, mas esvaziando-as dos detalhes que poderiam nos garantir que trata-se sim da nossa cidade. É quase uma ousadia, despir a historicidade de uma cidade e depois oferecê-la na tela a seus próprios habitantes.
Pra completar, a trilha sonora é basicamente Uakti, cujo trabalho conversa maravilhosamente com a direção e o ritmo do filme.
Sem mais detalhes para não estragar o prazer de quem ainda não viu.
Etiquetas: Estou lendo, filme, música, sãopaulo
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