Educar na Cultura Digital - apontamentos de um debate instigante
Quem acompanhou o lançamento na Bienal do livro do Grupo de Estudos Educar na Cultura Digital, nova iniciativa do EducaRede, pôde acompanhar uma conversa inspiradíssima entre a Profa. Léa Fagundes e o Prof. André Lemos, um exercício de diálogo e reflexão envolvendo dois grandes pensadores de temas relacionados a cibercultura e à educação.
Como Lemos colocou com muita exatidão,o tema que nos diz respeito, enquanto profissionais, segue sendo o da educação - e ponto. A cultura digital é mais um dos elementos que se coloca na nossa mediação do dia a dia, mas nossa preocupação com um processo educacional de qualidade, com uma formação consistente, é a mesma, ainda que estejamos distantes do uso das tecnologias digitais.
Lemos foca sua atenção no estímulo à capacidade de leitura de seus alunos, entendendo que é preciso atuar para formar um leitor que não se deslumbre com a rapidez dos cliques nos hiperlinks, e possa ter fôlego para um texto mais longo, para uma compreensão do conjunto de idéias expressado por um autor. Nesse sentido, ele aponta a escola (e a Universidade aí incluída) como um espaço contracultural: se a tecnologia que vai se disseminando encaminha para um ritmo acelerado de consumo de conteúdos, uma tendência à fragmentação e à leitura superficial, o papel do educador é fazer o contraponto, convidar à paciência, demandar a leitura aprofundada e reflexiva.
Por outro lado, aponta com clareza alguns incômodos que fazem com que a instituição escolar apareça como estática, inerte diante às mudanças ao seu redor. Lemos fala dos discursos artificializantes que instituem a escola: a disciplina, a ordem, o currículo. Na rapidez das demandas do debate - aliás denunciadas por ele - não foi possível se prolongar nessas idéias, mas fiquei instigada em pensar onde daria essa reflexão sobre a artificialidade dos ritos escolares.
A Profa. Léa reforçou algumas idéias que seria fantástico caso se tornassem senso comum: máquinas e conexão, por si só, não garantem à escola processos educacionais que envolvam cultura digital; conteúdos empacotados digitalmente não promovem, instantaneamente, usos interessantes da Rede na escola.
Falando do conservadorismo da escola, Léa retoma alguns princípios que podemos constatar em vários dos projetos em que ela se envolve. Um deles é o da ruptura com a rigidez da seriação, das fileiras na sala, da homogeneidade das leituras, do professor como o provedor do saber ou das respostas prontas. Léa reforça a necessidade de uma mudança de posicionamento do professor, ao afirmar que é difícil ensinar se agente não se coloca como aprendiz.
A ênfase de Léa ao protagonismo extremado dos alunos - ela apresenta o professor como uma figura mais esmaecida - foi questionada por Lemos. Para ele, é preciso também que os alunos aprendam a ouvir e oferecer atenção a pessoas que muitas vezes tem muito a nos ensinar. É a partir desse exercício que nos colocamos em condição de aprender com falas como a da Prof. Léa, por exemplo.
Ao ser questionada sobre que produtos editoriais seriam adequados a esse fazer educacional, Léa destacou que não acredita em modelos nem em padronizações. Ela pergunta: a que nos levou a padronização ao longo da História? Não pude deixar de pensar na produção de Recursos Educacionais Abertos como um caminho interessante nessa perspectiva.
Todos esses pontos são uma ótima base para o lançamento do Grupo de Estudos. Espero que esse marco se consolide como um espaço de conversa dessa qualidade, e que mantenha-se dialogando com os demais espaços de conversa que povoam a Rede.
Como Lemos colocou com muita exatidão,o tema que nos diz respeito, enquanto profissionais, segue sendo o da educação - e ponto. A cultura digital é mais um dos elementos que se coloca na nossa mediação do dia a dia, mas nossa preocupação com um processo educacional de qualidade, com uma formação consistente, é a mesma, ainda que estejamos distantes do uso das tecnologias digitais.
Lemos foca sua atenção no estímulo à capacidade de leitura de seus alunos, entendendo que é preciso atuar para formar um leitor que não se deslumbre com a rapidez dos cliques nos hiperlinks, e possa ter fôlego para um texto mais longo, para uma compreensão do conjunto de idéias expressado por um autor. Nesse sentido, ele aponta a escola (e a Universidade aí incluída) como um espaço contracultural: se a tecnologia que vai se disseminando encaminha para um ritmo acelerado de consumo de conteúdos, uma tendência à fragmentação e à leitura superficial, o papel do educador é fazer o contraponto, convidar à paciência, demandar a leitura aprofundada e reflexiva.
Por outro lado, aponta com clareza alguns incômodos que fazem com que a instituição escolar apareça como estática, inerte diante às mudanças ao seu redor. Lemos fala dos discursos artificializantes que instituem a escola: a disciplina, a ordem, o currículo. Na rapidez das demandas do debate - aliás denunciadas por ele - não foi possível se prolongar nessas idéias, mas fiquei instigada em pensar onde daria essa reflexão sobre a artificialidade dos ritos escolares.
A Profa. Léa reforçou algumas idéias que seria fantástico caso se tornassem senso comum: máquinas e conexão, por si só, não garantem à escola processos educacionais que envolvam cultura digital; conteúdos empacotados digitalmente não promovem, instantaneamente, usos interessantes da Rede na escola.
Falando do conservadorismo da escola, Léa retoma alguns princípios que podemos constatar em vários dos projetos em que ela se envolve. Um deles é o da ruptura com a rigidez da seriação, das fileiras na sala, da homogeneidade das leituras, do professor como o provedor do saber ou das respostas prontas. Léa reforça a necessidade de uma mudança de posicionamento do professor, ao afirmar que é difícil ensinar se agente não se coloca como aprendiz.
A ênfase de Léa ao protagonismo extremado dos alunos - ela apresenta o professor como uma figura mais esmaecida - foi questionada por Lemos. Para ele, é preciso também que os alunos aprendam a ouvir e oferecer atenção a pessoas que muitas vezes tem muito a nos ensinar. É a partir desse exercício que nos colocamos em condição de aprender com falas como a da Prof. Léa, por exemplo.
Ao ser questionada sobre que produtos editoriais seriam adequados a esse fazer educacional, Léa destacou que não acredita em modelos nem em padronizações. Ela pergunta: a que nos levou a padronização ao longo da História? Não pude deixar de pensar na produção de Recursos Educacionais Abertos como um caminho interessante nessa perspectiva.
Todos esses pontos são uma ótima base para o lançamento do Grupo de Estudos. Espero que esse marco se consolide como um espaço de conversa dessa qualidade, e que mantenha-se dialogando com os demais espaços de conversa que povoam a Rede.
Etiquetas: #ECDigital, educação, educarede, TIC
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