Retornando a leituras de outros tempos
De tempos em tempos volto à leitura de algum livro que está quietinho na estante.
Leituras que já fiz em outros momentos, motivada, provavelmente, por razões diferentes das que me levaram a ele agora.
Abri hoje o Viena Fin-de-Siécle, do Carl Schorscke, e me deparei com uma dúzia de post-it marcando distintas páginas, ao lado de passagens que considerei relevantes.
Volto a lê-las, sim, são interessantes, mas não tenho pistas dos critérios que me guiaram a dar-lhes destaque, ressaltadas pelo estridente papelzinho cor-de-rosa grudado na margem.
Me pergunto se conheço o conteúdo desse livro - que li, marquei, e sem dúvida gostei, disso me lembro perfeitamente. A resposta imediata é sim, mas devo reconhecer que o que poderia falar sobre ele, sem tomá-lo nas mãos e estudá-lo outra vez, seria superficial e não daria conta do texto rico e profundo produzido por Schorscke.
De onde concluo que sim, essa leitura formou a mim, auxiliou-me a fazer conexões importantes na minha compreensão sobre a ruína do Império Habsburgo e o sentido de todos os desafios que se colocaram a cientistas, artistas, e todos os homens e mulheres que vivenciaram aqueles tempos tão intensos no que diz respeito à ruptura de valores tão enraizados. Mas tenho que reconhecer que muito da riqueza daquela leitura não permanece de forma palpável.
Será que temos como avaliar quanto tempo nos dedicamos à leitura, e quanto em nós fica dela?
Leituras que já fiz em outros momentos, motivada, provavelmente, por razões diferentes das que me levaram a ele agora.
Abri hoje o Viena Fin-de-Siécle, do Carl Schorscke, e me deparei com uma dúzia de post-it marcando distintas páginas, ao lado de passagens que considerei relevantes.
Volto a lê-las, sim, são interessantes, mas não tenho pistas dos critérios que me guiaram a dar-lhes destaque, ressaltadas pelo estridente papelzinho cor-de-rosa grudado na margem.
Me pergunto se conheço o conteúdo desse livro - que li, marquei, e sem dúvida gostei, disso me lembro perfeitamente. A resposta imediata é sim, mas devo reconhecer que o que poderia falar sobre ele, sem tomá-lo nas mãos e estudá-lo outra vez, seria superficial e não daria conta do texto rico e profundo produzido por Schorscke.
De onde concluo que sim, essa leitura formou a mim, auxiliou-me a fazer conexões importantes na minha compreensão sobre a ruína do Império Habsburgo e o sentido de todos os desafios que se colocaram a cientistas, artistas, e todos os homens e mulheres que vivenciaram aqueles tempos tão intensos no que diz respeito à ruptura de valores tão enraizados. Mas tenho que reconhecer que muito da riqueza daquela leitura não permanece de forma palpável.
Será que temos como avaliar quanto tempo nos dedicamos à leitura, e quanto em nós fica dela?
Etiquetas: aprendizagem, leitura, livros
4 Comments:
A sua pergunta final, em particular a segunda parte: O quanto fica em nós? Me leva a arriscar um esboço de resposta... O conhecimento só nos serve (e portanto "fica conosco") se resolve um problema real ou se nos produz uma experiência prazerosa (estética ou cognitiva).
Oi Sérgio,
Interessante esse olhar.
Será que não há diferença entre o "ficar" e o "servir"? Muitas vezes percebemos muitas coisas que ficam - voltam à nossa mente reiteradamente - e não servem pra muita coisa (um jingle, por exemplo). Pode ser que isso ocorra pela experiência estética, mas não obrigatoriamente por ela ser prazerosa, não nos nossos parâmetros conscientes.
É curioso, é possível que haja, para além da nossa observação controlada, um sistema que produz essas marcas e as recupera a partir de estímulos que surgem em situações inesperadas...
O povo das ciências cognitivas deve ter mais estudos nessa área.
abços
Lilian
Lilian, que legal vc ter me perguntado sobre o blog...pensei realmente nessa vontade esta noite que me perdi entre meus pensamentos...e outro tema que pensei deles além do " estou com vonatde de fazer um blog", se encaixa bem na tua pergunta:"Será que temos como avaliar quanto tempo nos dedicamos à leitura, e quanto em nós fica dela?" nao sei responder racionalmente, mas tenho sentido neste momento de vida que o conhecimento que vamos acumulando na nossa trajetoria cultural e de vida tem uma forte influencia nos passos que damos e na nossa capacidade de caminhar...! Bom, nao conheço ainda muito do assunto "blogs", mas estou gostando muito da clareza do teu! Beijos
Oi Helen,
que reencontro gostoso esse nosso, na Rede.
Blogar tem me proporcionado isso: um espaço pessoal de organização e expressão das idéias e bons encontros, reencontros e novas conexões.
Vc tem razão, somos quem somos por tudo o que lêmos, por tudo que vimos, ouvimos, pensamos, trocamos e fizemos.
E quando a gente oferece um pouco do quem somos ao mundo, por exemplo, blogando, a experiência tem me mostrado que muitas outras coisas interessantes nos são oferecidas de volta.
Benvinda e grite se precisar de uma mão!
Lilian
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