A título de registro: a demolição nossa de cada dia
Ando impressionada, nas últimas semanas, com a quantidade de demolições de casas antigas que tenho encontrado em meus caminhos, em bairros da zona oeste da cidade de São Paulo.
Algumas, como essa, em quarterões que predominam ainda as casas.
Talvez o destino desse espaço seja mesmo novas casas, renovadas em seu estilo, com seu encanamento modernizado e as instalações elétricas à altura das demandas contemporâneas de consumo.
Em outros casos, onde convivem há muito casas e prédios,o cartaz já anuncia a oferta de apartamentos de dois dormitórios, fazendo jus ao aquecimento perene do mercado imobiliário na cidade.
Dificilmente as incorporadoras, que estão investindo suas fichas nesse veloz bota-abaixo que tomou conta da cidade, considerariam a hipótese de acompanhar os padrões simpáticos, mas comercialmente menos convidativos, que caracterizam o outro lado dessa mesma via:
O que isso tudo significa em termos de impacto para o bairro? Número de automóveis, trânsito, demanda de infra-estrutura de energia, água e esgoto? Essas são questões secundárias nas mesas em que se definem o volume de licenças para novos empreendimentos imobiliários.
Pouco poderia se esperar, então, de alguma preocupação, sequer, com a memória arquitetônica da cidade. A cada aperto que sinto ao passar pelas demolições me pergunto quantas outras pessoas compartilham desse sentimento, e quantas simplesmente o veriam como um saudosismo estéril, um pedra no caminho do pragmatismo de uma cidade em que a ocupação de cada metro é fruto disputas acirradas.
Não sobrará lugar, nessa concorrência implacável, para o casario que remanesce em esquinas como essa, da qual teremos registro apenas nas memórias pessoais, nas fotos dos jornais ou de particulares ou nos murais eletrônicos de pessoas que se sentiram compelidas a parar e fotografar, antes que essa esquina seja coberta pelos tapumes de uma nova demolição.
Algumas, como essa, em quarterões que predominam ainda as casas.
Talvez o destino desse espaço seja mesmo novas casas, renovadas em seu estilo, com seu encanamento modernizado e as instalações elétricas à altura das demandas contemporâneas de consumo.
Em outros casos, onde convivem há muito casas e prédios,o cartaz já anuncia a oferta de apartamentos de dois dormitórios, fazendo jus ao aquecimento perene do mercado imobiliário na cidade.
Dificilmente as incorporadoras, que estão investindo suas fichas nesse veloz bota-abaixo que tomou conta da cidade, considerariam a hipótese de acompanhar os padrões simpáticos, mas comercialmente menos convidativos, que caracterizam o outro lado dessa mesma via:
O que isso tudo significa em termos de impacto para o bairro? Número de automóveis, trânsito, demanda de infra-estrutura de energia, água e esgoto? Essas são questões secundárias nas mesas em que se definem o volume de licenças para novos empreendimentos imobiliários.
Pouco poderia se esperar, então, de alguma preocupação, sequer, com a memória arquitetônica da cidade. A cada aperto que sinto ao passar pelas demolições me pergunto quantas outras pessoas compartilham desse sentimento, e quantas simplesmente o veriam como um saudosismo estéril, um pedra no caminho do pragmatismo de uma cidade em que a ocupação de cada metro é fruto disputas acirradas.
Não sobrará lugar, nessa concorrência implacável, para o casario que remanesce em esquinas como essa, da qual teremos registro apenas nas memórias pessoais, nas fotos dos jornais ou de particulares ou nos murais eletrônicos de pessoas que se sentiram compelidas a parar e fotografar, antes que essa esquina seja coberta pelos tapumes de uma nova demolição.
6 Comments:
Infelizmente isso tem acontecido por toda a cidade Lilian. São Paulo hoje é um grande canteiro de obras. Até aqui na Zona Leste, casas históricas somem do dia para noite. Um casarão dos anos 40 que ficava aqui próximo de casa sumiu e deu lugar a um futuro condomínio.
E tem cada casa charmosa caindo... Ironicamente, uma das poucas remanescentes da Av. Paulista só não caiu porque virou McDonald's. Torço para que o Mac se interesse por várias outras casas...
Oi Lilian, cadê o meu comentário? Será que sumiu no mundo virtual?
Bom, se tiver sumido mesmo faço outro. Aguardo pra ver se vc acha ai em alguma gaveta. bj Paula
Robson, nem fala, é uma febre espalhada na cidade inteira. É um daqueles momentos na história da cidade que os incorporadores arregaçam às mangas e resolvem "fazer algo por ela"!
Yossi, as da Paulista eu lembro bem do processo, em 82, ano do bota-abaixo generalizado, o Condephat se manifestou, houve ações para congelar o processo, mas muito estrago já estava feito. E se a gente for depender do McDonalds...
Paulinha, seu primeiro comentário não apareceu, deve ter ficado nos escombros de algum entulho virtual... bjs
Lilian
Relamente, isto acontece diariamente no Brasil é uma pena, nossa história é jogada fora.... Eu gostaria muito de escrever um artigo sobre este tema, e adoraria publicá-lo originalmente no seu blog.... Um abraçø Guilherme da Luz
Excelente matéria, parabéns.
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