Plasticidade Cerebral
Do Drauzio Varella, em seu artigo "Plasticidade Cerebral" (tema que tem me intrigado por conta do destino que terão funções mentais caídas em desuso com a chegada de algumas tecnologias):
Embora, em 1920, Karl Lashley tivesse sugerido que a distribuição dos neurônios no córtex cerebral (área que controla os movimentos) de macacos se alterava a cada semana, até a década de 1970 o pensamento corrente era que as conexões entre os neurônios (sinapses) formadas na infância permaneceriam imutáveis pelo resto da vida.
Hoje considerado clássico, um experimento realizado nos anos 1980 abalou esse dogma. Trabalhando com macacos, pesquisadores americanos demonstraram que a amputação de um dedo provocava atrofia dos neurônios da área cerebral responsável pelo controle motor do dedo amputado, mas que esse espaço não permanecia desocupado: era invadido pelos neurônios encarregados da motricidade do dedo adjacente, situados a milímetros de distância.(...) Desde então, não houve mais questionamentos sobre a plasticidade do tecido nervoso: no cérebro adulto, nenhum espaço permanece desocupado.
E ele termina assim:
Saber que nossos neurônios são capazes de migrar para áreas cerebrais "vazias" e que continuam nascendo todos os dias sob a influência de fatores de crescimento, medicamentos, atividade física e desafios intelectuais é alentador para os que temem a perda do domínio das faculdades mentais no fim da vida, porque, como disse Machado de Assis, "a velhice ridícula é, porventura, a mais triste e derradeira surpresa da natureza humana".
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