Fazer sentido é inovar
O evento da ComKids nesse abril de 2014 teve como
tema central a Inovação. Essa é uma palavrinha coringa, que cabe em muitos
lugares, mas às vezes diz muito pouco. O Hélio Ziskind, músico e um dos
palestrantes, deu uma definição que gostei: ”Inovar é fazer sentido”. Acho que
por isso me identifiquei muito com a fala da palestra de abertura, de Chiqui
Gonzales, ministra da cultura e inovação de Santa Fé.
Chiqui Gonzales traz sua enorme experiência como educadora para nos apresentar algumas ideias fundamentais para quem trabalha com crianças. Ela sai desse olhar da infância enquanto simples etapa da vida, e valoriza o olhar que a percebe como momento fundamental da constituição de cada um e do coletivo da sociedade. Um período em que se vive a memória coletiva no próprio corpo, por meio dos cuidados que se recebe, pelos cheiros, sons e sabores, pelas formas, símbolos e modos de se fazer que dão contorno à vida. Por esse motivo, ela enfatiza: não estamos falando “da crianças”, estamos falando “desta criança”.
Chiqui Gonzales traz sua enorme experiência como educadora para nos apresentar algumas ideias fundamentais para quem trabalha com crianças. Ela sai desse olhar da infância enquanto simples etapa da vida, e valoriza o olhar que a percebe como momento fundamental da constituição de cada um e do coletivo da sociedade. Um período em que se vive a memória coletiva no próprio corpo, por meio dos cuidados que se recebe, pelos cheiros, sons e sabores, pelas formas, símbolos e modos de se fazer que dão contorno à vida. Por esse motivo, ela enfatiza: não estamos falando “da crianças”, estamos falando “desta criança”.
Esse é o
princípio possível para garantir que estamos estabelecendo comunicação, e não
simplesmente falando “para” as crianças. É preciso falar “com” as crianças, se
verdadeiramente queremos tê-las como parte do diálogo, e não só como receptoras
de nossas ideias. Isso se aplica também à produção de cultural voltada às
crianças: a obra que faz a diferença na vida da criança é aquela que dialoga
com ela, não aquela que espera apenas que se repita depois o que está dito lá.
Esse é o segredo, me parece, dos desenhos, filme, livros e canções que são
classificados para o público infantil, mas mobilizam também os adultos. São
obras inteligentes, e por não menosprezarem a capacidade de entendimento das
crianças também conseguem tocar o prazer de criança que continuamos carregando
por toda nossa vida.
Sim, porque trazemos
conosco essa intensidade das experiências dos primeiros anos, em que viver é
sinônimo de se apropriar das coisas, conhecer as formas, texturas, cores,
cheiros e sons, perguntar-se um milhão de coisas, imaginar outro milhão de
respostas, expressar essas perguntas e respostas em nossos desenhos, em nossas
brincadeiras, em nossas histórias. Época dos primeiros desafios para refinar a
coordenação motora, desenvolver linguagens, estabelecer relações, ter contato o
mundo concreto e o com mundo dos sentimentos. Nunca paramos de fazer todas
essas coisas. Se por um lado a cultura do mundo jovem e adulto vai adquirindo
novas formas, novos temas, outras complexidades, e nos permitindo experiências
que estão distantes das possibilidades de fruição da criança, quanto mais
criança pudemos ser – fantasiosos, imaginativos, investigativos, expressivos –
mais recursos teremos agregado à trama que nos tece e com a qual podemos contar
para viver as situações variadas com as quais nos deparamos em todas as idades.
Todas essas falas
estão materializadas nas ações culturais desenvolvidos por Chiqui na Argentina.
Os Parques Multilinguísticos que ajudou a criar tem nomes como Tríptico de la
Infancia (integrado por El Jardín de los Niños, La Granja de la Infancia y La
Isla de los Inventos, em Rosário, e Tríptico de la Imaginación (compuesto por
El Molino Fábrica Cultural, La Redonda Arte y Vida Cotidiana y La Esquina
Encendida), em Santa Fe. Tem atividades abertas para todas as idades, sempre
com entrada franca. Em Santa Fe, no ano passado, esses espaços sediaram um
Congresso de Crianças entre 4 a 14 anos, com o tema Falemos de Felicidade, reunindo
cerca de 6000 participantes.
Saí muito
contente pelo reencontro com reflexões que tiveram presença marcante nos
primeiros tempos de minha atuação na educação. Quase como se fosse uma primeira
infância profissional – as propostas didáticas no Externato Oswaldo Aranha, a Constituinte
com os alunos, a leitura de Januz Korzack – experiências constitutivas, valores
que permanecem. A fala de Chiqui Gonzales faz muito sentido.
Chiqui no TED Buenos Aires, em 2012
Chiqui no TED Buenos Aires, em 2012
3 Comments:
Muito bom !
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