Sentidos da Educação
A Educação é uma das bandeira mais levantadas em tempos de campanha política, e dificilmente haverá alguma liderança social que não a eleja como crucial para o desenvolvimento do país e a melhoria das condições de vida da população em seu conjunto.
Cabe, entretanto, considerar que a palavra "Educar", por si só, não explicita pressupostos de quem empunha essa bandeira, pois há inúmeras maneiras de educar, cada uma delas permeadas por visões de mundo e posicionamentos políticos que implicarão em escolhas muitos distintas em termos curriculares e metodológicos.
Portanto, quem diz "Educar" deveria ser cobrado a agregar um "Educar para quê" e um "Educar como".
Um dos primeiros autores a teorizar sobre escolhas curriculares, um norte americano chamado John Franklin Bobbit, em sua obra,"The Curriculum", de 1918 mostrava-se bastante convicto das funções que a educação deveria desempenhar:
"Em qualquer organização, os membros da direção e supervisão devem definir claramente os fins aos quais a organização se dedica. Eles devem coordenar o trabalho de todos, de modo a alcançar esses fins. Eles precisam encontrar os melhores métodos de trabalho e devem compelir os seus trabalhadores ao uso destes métodos. A teoria central é simples. A vida humana, apesar de variada, consiste na realização de atividades específicas. A educação, que prepara para a vida é aquele que prepara definitivamente e de forma adequada para essas atividades específicas".
(Veja aqui o original em inglês)
A influência do Fordismo, que corria solto na sociedade americana naquele momento de ampla expansão industrial, permeia forte essa postura. Educar, nesse caso, era sinônimo de educar para o mundo do trabalho. E o mundo do trabalho, naquele momento, era o mundo da fábrica, das tarefas fragmentadas e sequenciadas, dos prazos precisos, da submissão e enquadramento à hieraquia da engrenagem. Bobbit é o pai de uma tendência que ficou conhecida como Movimento pela Eficiência Social, que marcou parte do universo da educação nos Estados Unidos ao longo do século XX.
Ao longo da vida, esse mesmo autor relativizou essas afirmações, mostrando ter clareza de que a natureza da formação educacional não se adequava 100% à lógica da linha de montagem, em especial por que o produto final, o aluno, possui um componente chamado livre arbítrio, que pode por a perder os reiterados esforços de formatação e enquadramento da vida escolar.
Essa Educação calcada num consumo passivo de conteúdos, a serem devolvidos em avaliações que pouco pedem das pessoas a não ser a memória, infelizmente, ainda marca presença na nossa sociedade, com força, nesse século XXI. Ela convive com outras vozes, que pregam por uma cultura da participação, por uma Educação que promova a criatividade transformadora, não só a obediência e a manutenção do status quo.
A discussão corrente sobre a Reforma da Lei de Direitos Autorais representa uma ocasião privilegiada para cada sujeito que diz Educação explicite o sentido que dá ao termo e as implicações que decorrem de seu posicionamento. E para que cobremos de quem não diz, valendo-se de um manto de neutralidade e de senso comum que precisa ser desvelado.
Cabe, entretanto, considerar que a palavra "Educar", por si só, não explicita pressupostos de quem empunha essa bandeira, pois há inúmeras maneiras de educar, cada uma delas permeadas por visões de mundo e posicionamentos políticos que implicarão em escolhas muitos distintas em termos curriculares e metodológicos.
Portanto, quem diz "Educar" deveria ser cobrado a agregar um "Educar para quê" e um "Educar como".
Um dos primeiros autores a teorizar sobre escolhas curriculares, um norte americano chamado John Franklin Bobbit, em sua obra,"The Curriculum", de 1918 mostrava-se bastante convicto das funções que a educação deveria desempenhar:
"Em qualquer organização, os membros da direção e supervisão devem definir claramente os fins aos quais a organização se dedica. Eles devem coordenar o trabalho de todos, de modo a alcançar esses fins. Eles precisam encontrar os melhores métodos de trabalho e devem compelir os seus trabalhadores ao uso destes métodos. A teoria central é simples. A vida humana, apesar de variada, consiste na realização de atividades específicas. A educação, que prepara para a vida é aquele que prepara definitivamente e de forma adequada para essas atividades específicas".
(Veja aqui o original em inglês)
A influência do Fordismo, que corria solto na sociedade americana naquele momento de ampla expansão industrial, permeia forte essa postura. Educar, nesse caso, era sinônimo de educar para o mundo do trabalho. E o mundo do trabalho, naquele momento, era o mundo da fábrica, das tarefas fragmentadas e sequenciadas, dos prazos precisos, da submissão e enquadramento à hieraquia da engrenagem. Bobbit é o pai de uma tendência que ficou conhecida como Movimento pela Eficiência Social, que marcou parte do universo da educação nos Estados Unidos ao longo do século XX.
Ao longo da vida, esse mesmo autor relativizou essas afirmações, mostrando ter clareza de que a natureza da formação educacional não se adequava 100% à lógica da linha de montagem, em especial por que o produto final, o aluno, possui um componente chamado livre arbítrio, que pode por a perder os reiterados esforços de formatação e enquadramento da vida escolar.
Essa Educação calcada num consumo passivo de conteúdos, a serem devolvidos em avaliações que pouco pedem das pessoas a não ser a memória, infelizmente, ainda marca presença na nossa sociedade, com força, nesse século XXI. Ela convive com outras vozes, que pregam por uma cultura da participação, por uma Educação que promova a criatividade transformadora, não só a obediência e a manutenção do status quo.
A discussão corrente sobre a Reforma da Lei de Direitos Autorais representa uma ocasião privilegiada para cada sujeito que diz Educação explicite o sentido que dá ao termo e as implicações que decorrem de seu posicionamento. E para que cobremos de quem não diz, valendo-se de um manto de neutralidade e de senso comum que precisa ser desvelado.
Etiquetas: #reformalda, curriculo, educação, lei