terça-feira, abril 25, 2006

Até a abstração necessita dos signos

Mais uma reflexão do Bakhtin, que sempre merece ser citado:
" In conclusion we should not upon one more important problem, that of the boundaries of chronotopic analysis. Science, art and literature also involve semantic elements that are not subject to temporal and spatial determinations. Of such a sort, for instance, are mathematical concepts: we make use of them for measuring spatial and temporal phenomena. But meanings exist not only in abstract cognition , they exist in atistic thought as well. These artistic meaning are likewise not subject to temporaland spacial determinations. We somehow manage however to endow all phenomena with meaning, that is, we incorporate them not only into the sphere of partial and temporal existence but also into a semantic sphere. This process of assigning meaning also involves some assigning of value. But questions concerning the form that existence assumes in this sphere, and the nature and form of the evaluations that give sense to existence, are purely philosphical (although not, of course, metaphysical) and we will not engage them here. For us the folowing is important: whatever these meaning turn out to be, in order to enter our experience (which is social experience) they must take ont the form of a sign that is audible and visible for us (a hyeroglyph, a mathematical formula, a verbal or linguistic expresion, a sketch, etc). Without such temporal-spatial expression, even abstract thought is impossible. Consequently, every entry into the sphere of meanings is accomplished only through the gates of chronotope".
De The Dialogic Imagination, fechamento do artigo "Forms of Time and Chronotope in the Novel"

quinta-feira, abril 13, 2006

Blog ou livro: dois processos de criação

Grande post do Steve Johnson sobre o fato dele não falar muito sobre os livros que está escrevendo em seu blog, até que estejam terminados. É um depoimento sincero sobre a experiência de ser autor num ambiente de intimidade, comparado com o desafio de produzir uma obra em meio à exposição pública e intervenção de possíveis futuros leitores do conjunto. Na verdade, estamos falando aqui de duas experiências de processo de criação, e de interações distintas com este produto. Vale à pena voltar a estas questões, quando estamos analisando temas da interação.
Aliás, quem não leu "Emergência" e "A Cultura da Interface", precisa ler.

Segue o texto:
"Book Versus Blog"
"As I mentioned in a few previous posts, my new book, Everything Bad Is Good For You, is off to the printers, and I've now officially entered the strange chrysalis-like transformation from a solo writer working alone with his word processor to a small cog in a much larger publishing and marketing machine, with the fate of my little book now in the hands of dozens, if not hundreds, of people. (That's not a complaint, by the way -- I like the sudden teamwork that erupts right before a pub date.) But some of you will no doubt notice that I've said very little about this book on the blog over the past year or so as I've been writing it. Long-term sbj.com readers will remember that I followed a similar pattern with Mind Wide Open, my previous book. Now, I'm not what you what call the most prolific blogger in the history of this new genre -- in fact, I wish there were a different term to describe the longer-format, less link-driven riffs that I do here, more like micro-essayist than traditional blogger. But I do post about pretty much everything in my life: new software, articles, half-baked ideas, family life, travel. But I don't post about my books while they're in progress. And I thought it was probably appropriate to explain why.
Other authors seem to be much more interested in the collaborative possibilities of merging blogging and book-writing. Dan Gilmore wrote the excellent We The Media open-source fashion on his web site; Larry Lessig is in the middle of a collectively-authored upgrade to his classic book Code; Chris Anderson is publicly working through the argument of his soon-to-be classic The Long Tail. So obviously other authors' mileage will vary. And certainly I've used this blog to toss out some early ideas and themes that eventually make their way into the final books. But I deliberately try to keep the writing and the blogging separate.
Here's why: for me, at least 50% of the challenge -- and the fun -- of writing a book is dealing with the unique relationship that the author has to his or her reader. If they're truly reading your book and not skimming it, you have several things happening: you have their undivided attention; you have hours and hours of that attention devoted to you; and you have that attention organized along a linear path, reading the book from start to finish. It is a remarkably intimate, private kind of exchange, and its power lies precisely in the commitment of time and focus that the book demands. The problem for an author is that books are not written the way they are read. They usually take years to write, from original proposal to final proofs; they are rarely composed in sequence; and by the time you submit a final manuscript, you've invariably read every page dozens of times, mostly out context.

So for me at least, the trick of writing a book is somehow shedding all the layered, time-shifted contortions of writing, and somehow recreating what it would feel like to sit down as a newcomer to the book and start reading. Anyone who has ever written a book will probably recognize the challenge here: you write a new section at the end of a chapter, and as you're writing it, it seems like you're producing some great material. And then you sit down and read through the whole chapter a few weeks later, and the new section reads like it's been pasted in from someone else's book. Or you think you've constructed a perfect opening argument for the introduction, and then you sit down to read it and realize that you've neglected to mention the most important -- though also, to you, the most obvious -- point of all.

Most of the time, you can only catch these things if you've tricked your brain into approaching the book as though you yourself were a new reader, entering into that private, linear, slow exchange that is book reading. And private, linear, slow is exactly the opposite of the experience of blogging. What's great here is the remixing, the group mind, the hypertextuality, the fact-checks, the trial balloons. It's an amazing environment, but to me it's directly antagonistic to the mental state you need to make a book work as a reading experience, and not just a collection of facts and ideas. It's like trying to compose a new melody in your head while standing in the middle of a full-throated choral group. And so when I'm immersed in writing a book, I try to keep these worlds separate, even if it feels like I'm betraying the blog somewhat with my silence.
But the good news is that the book is done, so now I can blab about it here all I want. Stay tuned -- I'm sure by the time summer rolls around you'll be begging me to shut up about it.

segunda-feira, abril 10, 2006

Uso pedagógico dos jogos da Copa em escolas do Brasil

Num artigo chamado "Futebol na escola dá samba? Uso pedagógico dos jogos da Copa em escolas do Brasil negligencia particularidades da mídia e do ensino", que saiu na Folha de S. Paulo ontem, a professora Graça Setton aponta alguma questões a se pensar neste casamento entre mídia e ambiente escolar.
Convidada para auxiliar na formulação de um material didático utilizasse a Copa do Mundo como tema gerador para o trabalho com outros conteúdos na escola, Graça questiona esta tendência fácil de colocar a escola à reboque dos assuntos centrais da mídia, e à toque de caixa, como sempre.
A proposta teria vindo do ministro Fernando Haddad, que se encantou com um projeto na Argentina, que permitirá que as crianças assistam as partidas na escola e em paralelo promoverá o estudo, em diversas disciplinas. Afirma Graça:
"Pouco sabemos sobre esse projeto. Segundo matérias da Folha e do "La Nación", 30 mil escolas primárias e secundárias da rede pública e privada da Argentina irão receber um exemplar da publicação "A Mídia e o Mundial de Futebol da Alemanha 2006". Trata-se de um caderno de atividades, com 48 páginas, dirigidas a docentes das disciplinas de geografia, história e língua.Esse caderno foi financiado pela embaixada da Alemanha na Argentina e elaborado por profissionais do programa "Escola e Mídia", do Ministério da Educação local".
Ou seja, trata-se, de hoje para amanhã, criar uma versão brasileira para esta proposta Argentina, sem sequer levar em consideração que deveria haver um programa sendo desenvolvido na escola, que teria que ceder espaço para esta novidade. Isso é uma tradição curiosa aqui no Brasil: invade-se o espaço escolar com qualquer outro evento que destrua uma proposta pensada e em processo de realização pelos professores sem o menor constrangimento.O subtexto disso é muito claro: não há proposta nem programa nos espaços educacionais. Qualquer projeto que chegue lá oferecendo suas estratégias e conteúdos pode ser implementado a qualquer momento, e os professores ainda deveriam agradecer por não precisarem gastar seu tempo planejando!
Acho interessante a ponderação que ela faz sobre os cuidados a se propor a aliança Mídia & Escola:
"Não podemos esquecer que, para cumprir seu papel, a escola precisa selecionar e reestruturar os saberes. Precisa desenvolver métodos de transposição didática dos conteúdos, pois a transmissão não é direta. Precisa se armar de dispositivos mediadores da aprendizagem. Dessa feita, a escola é produtora de categorias do pensamento e criadora de formas de pensar originais que lhes dão certa particularidade".
Não pensem, por isso, que a autora é purista ou interessada em manter a TV à kilometros de distância da escola:
"Estou convencida de que a produção midiática revela-se interessante pedagogicamente, porque se trata de um discurso sobre a realidade. Juntamente com os discursos científico, religioso e/ou humanista, entre outros, ela compõe a narrativa da contemporaneidade. Trazer para o campo da educação o imaginário da cultura da mídia é ampliar o universo da escola. É oferecer um espaço de crítica para um dos discursos mais legitimados da atualidade. É uma oportunidade de desmistificar o mundo ilusório das realizações, é a possibilidade de politizar os conteúdos, é historicizar comportamentos e práticas sociais".
Acho que esta é uma discussão que precisa ser feita.

sábado, abril 08, 2006

O lugar onde eu moro

Muitas pessoas perguntam sobre aplicações possíveis para o Google Earth, educadores estão sempre atrás de tornar o aplicativo que por si só é um deleite de entretenimento em uma ferramenta que possa fazer sentido em uma proposta didática com objetivos determinados.
Em "O lugar onde eu moro", a professora Gládis Leal, de Joinville, Santa Catarina, propõe um espaço colaborativo em que os alunos falam de suas cidades: Joinville, Fortaleza, Marabá, no Brasil, e até da Charneca de Caparica (!?), em Portugal.
É excelente a meninada se por a descrever a sua vizinhança, e se deparar com como é a vida em outras! Nada como criar consciência do nosso entorno e a diversidade no mundo!
Pois é, taí uma proposta que o Google Earth pode ajudar, como já vemos nos textos já postados.
Aliás, a página está hospedada no writely, um editor de texto que permite produção coletiva de usuários distantes.
E a dica da Gládis foi dada na lista do Vivência Pedagógica, onde educadores trocam figurinha sobre iniciativa com o uso de tecnologia.
Gostei!

O futuro é interação de verdade?

A campanha da FIAT 30 anos, além das propagandas na TV, tem um site em que o pano de fundo são minúsculos quadrados formados por janelas que contém o depoimento em texto, áudio ou vídeo de pessoas comuns, captadas em algum estande da Fiat ou enviadas pela internet. Sim, você pode também enviar o seu, e acho até que concorre a um carro (o que não consegui confirmar, pois tentei gravar um minivídeo, mas não consegui chegar até o fim do processo).
Achei a plataforma fantástica, dá pra brincar de um montão de coisas com um software assim. A minha dúvida, apesar disso, é como é se gera inteiração entre os postantes, para dar continuidade à conversa. Só poder postar a minha fala, para mim é pouco. A ferramenta seria 10 se desse um jeito dos internautas opinarem um na fala do outro.
A dica do site veio do blog Viu Isso?, mas não consegui achar de novo o post (???).

Google Ad Sense: será que um dia agregará sentido?


Fantástico este post no Smart Mobs, sobre o vínculo entre o tema em pesquisa no Google e os links pagos que aparecem como propaganda na coluna da direita.
Vale à pena ler, mas para quem não sabe inglês, um breve resumo:
O Mongabay é um site que fala sobre ecologia e o impacto da tecnologia e do desenvolvimento na natureza e na vida na Terra. Pois bem, ao lado de um texto que falava sobre a descoberta da "resistência" das formigas, em termos de tempo de existência no planeta, não é que o Google AdSense acrescentou links sobre pesticidas e formicidas?
Vai levar tempo até ensinar estas máquinas a entenderem o que é CONTEXTO !!!

But will ants be able to survive Google AdSense?

Posted by Judy Breck at 06:10 AM

Mongabay.com has posted interesting new information from the National Science Foundation about ants. They are resilient insects whose ancestry is far older than previously thought:

Ants are considerably older than previously believed, having originated 140 to 168 million years ago, according to new research on the cover of this week's issue of the journal Science.

But these resilient insects, now found in terrestrial ecosystems the world over, apparently began to diversify only about 100 million years ago in concert with the flowering plants, the scientists say.

"This study integrates numerous fossil records and a large molecular data set to infer the evolutionary radiation of ants, which have deeper roots than we thought," said Chuck Lydeard, program director in NSF's Division of Environmental Biology, which funded the research.

Certainly, these hearty creatures have survived many threats, but when you take a look at the ads which were served by Google to accompany the Mongabay post, you kinda wonder if the ants will survive what is being served at them virtually today.

terça-feira, abril 04, 2006

Grande mídia americana sobre blogagem e educação

O Washington Post está publicando uma série de artigos que falam sobre a contribuição que a blogagem tem trazido para a atividade docente. Apresenta várias situações de crescimento, mas também constragimentos que estão ligados à expressar a própria opinião num espaço público. Outra crítica está ligada à demora na chegada de equipamentos e conexão ás escolas, o que cria expectativa de uso entre professores e alunos, e depois frustração.
Tenho acompanhado alguns do blogs citados na reportagem, e realmente percebe-se que há muita vida nas iniciativas com TICs e no debate sobre o mundo digital, coisa que está engatinhando por aqui.
O Weblogg-ed, que já citei aqui em outra situação, tem hoje um post de boas vindas aos professores que chegaram ao blog por conta do artigo no jornal. Acho que vale realmente à pena acompanhar esta movimentação.
Abaixo, alguns trechos básicos do artigo, que merece leitura completa.

"The teachers' lounge -- that secretive place where, students imagine, teachers sip coffee, smoke and gossip about them -- has gone global.
The blogosphere is the new lounge where teachers gather to talk about vicious administrators, educational reforms both stupid and smart, marriage, divorce and, yes, students.(...)
On one level, blogs are little more than personal journals posted on the Internet for all to see. They provide a forum for teachers to share ideas with colleagues around the world or simply talk about themselves and others. But under a wider lens, the sometimes funny, sometimes searing blogs paint what may be the rawest portrait seen of the teaching profession in transition -- and by some measures, in trouble.
(...) Some teachers use blogs in the classroom to communicate with students and allow them to critique each other's work. But it is in the personal blogs that teachers have some of the most open, and occasionally brutal, discussions about themselves and their profession".
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