Legados de uma memória escolar
Fiquei pensando na força que o livro tem, e conclui que são várias:
- Ele fala de um espaço de educação que foi extremamente prezado pelos que lá conviveram, e que apesar de ter fechado suas portas em 1981, manteve-se como ideal de escola para quem se formou lá.
- Recupera histórias de ousadia política e educacional, fomentada por gente que sabia que formar ia além de teorizar, que o fazer passava por honrar os princípios, que educar para a democracia era uma obrigação inegociável.Anos da ditadura, filhos de sobreviventes do facismo na Europa, muita militância política e cultural.
- Reúne fala de educadores que apontam claramente seu aprendizado com as crianças, e que portanto possuiam uma prática na qual as orelhas e olhos abertos eram o radar de orientação dos rumos de seus cursos.
- Garante o espaço à pluralidade das idéias, permitindo a publicação dos pontos de vista divergentes, prática que a escola sempre estimulou,
- Celebra a arte e a expressão artística como centrais à formação escolar.
- Descreve a relação de um povo com sua tradição de maneira genuína, inovadora e destemida.
- Mantém o espírito do Scholem (o escritor Scholem Aleichem) vivo, quando consegue associar a densidade da história com doses importantes de humor.
Ás vezes me parecia que o livro era muito específico, que talvez não interessasse tanta gente assim. Vi hoje que me enganei, aliás uma grande felicidade foi ter visto minhas referências educacionais já como profissional comparecendo lá no lançamento.
Scholem, querida escola, que bom sentir você por perto...