quarta-feira, abril 29, 2009

Correndo atrás do próprio rabo

Nessas últimas semanas, muitas pessoas proximas andaram me perguntando sobre o Twitter. A midia é braba quando se trata de buscar novos assuntos, e a capa das revistas semanais nos últimos anos registraram as diversas ondas de disseminaçao das redes sociais: teve a temporada do Orkut, do Second Life, dos blogs, e assim por diante.
Quem está na Rede acompanha o surgimento dos diferentes aplicativos e espaços de interação e vai aderindo a eles, na medida dos usos que faz, das facilidades que encontra nas novas propostas e da simpatia que toma pelas funcionalidades, layout ou mesmo capital social reunido em cada plataforma.
Quem utiliza de forma mais funcional – correio eletrônico para trabalho e amigos, sites de busca para demandas do dia a dia, leitura de noticias e entretenimento, vive um bombardeio de noticias sobre as redes sociais, “contaminado”pelo entusiasmo da fala da mídia. Acaba ficando dificil, afinal, entender do que se trata.
Há algo suspeito no fato da Mídia celebrar cada novo grande funil de pageviews que surge na Rede, pois de certa maneira isso constitui uma forma de auto-promoção. A questão é que esse “canibalismo” de novidades acaba gerando muita desinformação. Ouvi outro dia, por exemplo, que os fóruns de discussão já ficaram para trás, pois a conversa, hoje, acontece nos blogs. Muita gente acha que o Orkut, só por que já está por aqui há alguns anos, perdeu sua popularidade. As comparações do Twitter com o MSN ou mesmo com o próprio Orkut são utilizadas indiscriminadamente.
Minha preocupação não é que nos tornemos todos amplamente versados na natureza das ferramentas de comunicação na internet. Sou contra um discurso que apregoa a adesão absoluta a todas as novidades tecnológicas como sinal de avanço da civilização e melhoria das perspectivas de vida na Terra. Isso é uma falácia. O desserviço que o “hype” da mídia presta (para usar um pouco de jargão) é consumir o tempo e as energias de quem poderia estar se dedicando a aperfeiçoar o seu trabalho com o enlevo em surfar na onda de toda e qualquer novidade. No caso dos educadores, principalmente, suspeito que estariamos melhor se houvesse menos preocupação de estar em toda parte.

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segunda-feira, abril 20, 2009

Carlos Guilherme Mota no Roda Viva

Adorei acompanhar ao vivo e twittar a entrevista com o professor Carlos Guilherme Mota no Roda Viva.

Foi uma ótima entrevista. Houve uma boa combinação entre entrevistadores com perguntas e comentários inteligentes e um entrevistado que abordou todas as questões, embasando sua fala na tradição historiográfica mas ao mesmo tempo posicionando-se, sem se esconder na erudição.
Mostrou-se positivo em relação às perspectivas de mudanças, ao começar dizendo que não há nada "impossível"na História, vide eventos como a derrocada da URSS, a bomba de Hiroshima, a eleição de Lula ou de Obama. Mas recupera com igual consciência as "permanências" do conservadorismo: ainda estamos às voltas com os estamentos oligárquicos da primeira República, não há, nem na ação de Lula, nem no que insinua Obama, a desmontagem de um "Estado autocrático burguês".
Ao longo da revista, Mota cita e mostra a relevância da pesquisa histórica, sua e de seus colegas, lembrando quão pouca leitura há nas falas de exaltação do exemplo bolivariano, o parco conhecimento sobre figuras no pensamento brasileiro, a necessidade de se estressar que é preciso estudar, conhecer, divulgar História, se temos qualquer intenção de alcan;carmos uma sociedade mais madura.
Provocado a nomear figuras na história do Brasil que teriam tido condições de romper com o nosso "capitalismo senzaleiro", falou de Frei Caneca, Cipriano Barata, Silva Jardim como "jacobinos"em potencial. Retomou, depois, apontando Florestan Fernandes como outros desses ¨jacobinos", que marcou posição quanto aos destinos da cooptação de quem chega ao poder no Brasi, ao declarar que deixaria o PT caso o governo Lula se mimetizasse ao status quo. E, nesse sentido, falou da falta de radicalismo dos governos FHC e Lula: falta ir à raiz. E essa atuação esquiva, essa busca de "eterna conciliação", dá vazão a um continuo apagamento da memória.
Após tantas citações aos autores clássicos, como Gilberto Freire, Sérgio Buarque de Holanda, Raimundo Faoro, Paulo Freire, Darci Ribeiro, Celso Furtado, entre outros, é inevitável a pergunta:
não se fazem mais historiadores como antigamente? Mota contesta: a produção historiográfica, hoje, é abundante e densa, muitos estudos relevantes, tratando comcompeteência de temas espinhosos e fulcrais à sociedade brasileira. A questão hoje é outra: qual o lugar da Universidade na vida política e cultural do país? O que está calando a Universidade no Brasil?
Até a produção didática recebe elogios de sua parte, e mais uma vez estou de acordo: já foi o tempo de rejeitar, como conjunto, o livro didático, especialmente pelo fato dele ser apontado como tendencioso (e esquerdista). O mercado do livro didático se encaixa nas demandas do PNLE - isso implica em parâmetros, avaliações, peneira. Mota contextualiza a lacuna que a escola ainda não dá conta de cumprir: trata-se de um serviço que dobrou de tamanho em duas décadas, e evidentemente ainda não deu conta de absorver o contigente humano necessário para dar connta dessa tarefa. E, entre outros motivos, dada a remuneração pouco atrativa dos professores, a fragilidade de sua formação e sua más condições de trabalho. Superar essa lacuna demanda, segundo ele, um tanto de jacobinismo.
Tomara que entrevistas como essa possam inspirar novas ousadias,
Sobre cobrir via twitter, foi uma experiência interessante, em especial por que, dada a data e horário, havia poucas pessoas postando, então foi possível acompanhar os comentários e escrever os meus sem para isso me distrair demais da propria entrevista. Reitero que há ganhos em acompanhar, via twitter, o termômetro da recepção das idéias apresentadas. Essa conversa entre poucos rendeu alguns novos contatos, gente que possui temas de interesse próximos aos meus e que posta comentários de qualidade. Outra observação legal é o que foi retwittado, isso é, replicado em postagens dos demais. A retwittagem aponta o valor de um comentário e pode nos ajudar a perceber o quanto nossa escuta está aguçada nas sutilezas de um discurso.

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sábado, abril 18, 2009

Blogagem Coletiva: quem foi seu Monteiro Lobato


Hoje, dia 18 de abril, é o dia de aniversário de Monteiro Lobato.
E instigada pela blogagem coletiva proposta pelo Fio de Ariadne, conto um pouco sobre Lobato na minha vida.
Minhas primeiras memórias relacionadas a Monteiro Lobato são da coleção encadernada da obra infantil que habitava uma estante no corredor da casa da minha vizinha. Eu olhava aquela fileira de livros fascinada - a coleção ônibus, como brincava o Lobato. Foi num empréstimo do primeiro tomo que li Reinações de Narizinho, que me encantou como história e me fez sofrer terrivelmente, aquele medão de criança, por ter descolado a lombada do livro, de tanto manusear.
O segundo fascínio veio na biblioteca da escola, que possuia a edição ilustrada, livros grandes que me apresentaram à mitologia grega e me iniciaram na paixão pela História, com a leitura de Os Doze Trabalhos de Hércules.
E muitos livros e anos depois, reencontrei o Lobato na hora em que resolvi fazer um mestrado em história, e, muito ligada em literatura, me debrucei sobre as cartas de autores brasileiros. Mário de Andrade, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e, veja só... Monteiro Lobato. Não houve como escapar, o tema da dissertação emergiu com rapidez. E passei o mestrado de olho nas cartas, mas também na obra adulta e na obra infantil.
E de leitora de Lobato passei a escrever sobre ele. "O Caleidoscópio da Modernização - discutindo a obra e a atuação de Monteiro Lobato" é o nome da dissertação que escrevi em 1991, ainda não publicado. É um texto que traz bons diálogos sobre esse homem tão multifacetado que teve um papel fundamental na difusão de uma mentalidade de amor à literatura em nosso país, na história da indústria do livro, na criação de uma mentalidade preparada para a modernização que se anunciava, nos embates culturais, políticos e econômicos do país.
Quem sabe essa nova conversa sobre Lobato me empurra de vez para tirar o texto da gaveta?

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sexta-feira, abril 17, 2009

Twittando no Roda viva: Carlos Guilherme Mota

Nessa segunda-feira, 20/4, o programa Roda Viva, da TV Cultura, terá como entrevistado o historiador Carlos Guilherme Mota. Vou participar do programa comentando no Twitter.
Tenho acompanhado essa iniciativa da Tv Cultura desde o início, aliás já postei aqui e anunciei a entrevista do Prof. Setzer, programa memorável, em que a conversa paralela no Twitter foi riquíssima.
Para quem nunca acompanhou essa experiência de transmisão participativa, recomendo a experiência. A gravação do programa é feita às 18h30 e transmitida online, com pelo chat e cobertura pelo twitter. Às 22h00 vai ao ar na TV.
Quem quiser acompanhar, deve seguir a palavra chave #rodaviva.
Eu, no twitter, sou liliansta.

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Ando curiosa sobre a perspectiva do uso de games no ensino de história. Vi no blog do Prof. Michel o link para um jogo digital sobre a Revolução Francesa, chamado Tríade. Pela descrição, ele faz uso de estratégias de RPG. Segundo o Michel, o jogo cobre, a priori, um conteúdo compatível ao que se ensina sobre o tema.


O jogo foi orientado pela prof. Lynn Alves, professora da UNEB (Universidade Estadual da Bahia), e coordenadora de um grupo de pesquisa sobre Games e educação. Ela é também autora de Game Over: Jogos eletrônicos e violência. O projeto teve financiamento da FINEP. Possui versão para Windows e Linux, e uma introdução reflexiva sobre o uso de games na educação.
Para baixar e avaliar.

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quarta-feira, abril 15, 2009

"O liberalismo do Estado liberal" - online na USP

Dica para os interessados em história:
"O liberalismo do Estado liberal: os modelos de governança na Europa Ocidental oitocentista" é um curso que será ministrado pelo prof. Antonio Manuel Hespanha, da Universidade Nova de Lisboa nos dias 16 e 17 de abril de 2009, a partir das 14h, no Instituto de Estudos Brasileiros da USP (IEB).
O curso lotou. A boa notícia é que haverá transmissão on-line pelo site da IPTV/ USP.
Devo acompanhar e comentar no Twitter, meu login é liliansta e a palavra chave será #Hespanha.

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segunda-feira, abril 13, 2009

A diferenças das postagens em cada espaço da Rede

Na conversa com o George Siemens no The Hub, no último dia 03, apareceu novamente a observação sobre a natureza distinta das postagens, dependendo da ferramenta de publicação.
Siemens contava que, via Twitter, mais elementos de seu cotidiano circulam na Rede, como o episódio de suas compras em Sao Paulo, já que suas malas não chegaram e ele estava apenas com a roupa do corpo.
Lembrei de conversa recente com a Su Gutierrez na lista Edublogosfera. As discussões mais profundas tem rolado com mais facilidade no fórum do que em nossos blogs. Segundo a Sú, tem a ver com a preocupação maior que temos com a forma como nos expressamos nas postagens, a busca de clareza, coerência, correção do texto, qualidade da informação ou da reflexão que estamos expondo.
Essas demandas ocorrem também quando postamos em fóruns, mas com certeza há menos correções na hora de enviar. Ninguém se liga tanto se errou na digitação, se a frase saiu truncada, se a mensagem ficou telegráfica. Aliás, como muitas vezes nossa mensagem é resposta de outra com o mesmo tema, ou retomada de um assunto que sabemos que pertence ao repertório recente do conjunto de leitores, podemos escrever sem precisar contextualizar.
Volto às considerações sobre o quanto as capacidades, limitações e formas de circulação possibilitadas por cada ferramenta influenciam na nossa forma de expressar. O flash do momento, que é a cara do Twitter, presta-se perfeitamente para extravazar situações que não se prestariam a uma postagem. Como comunicação rápida para muitos, aliás, ocupa um espaço interessante.
Há uma questão direta de definição da audiência nesse paralelo entre escrever no fórum ou escrever no blog. Ainda que os fóruns tenham muitos participantes, criamos nossa idéia de comunidade leitora partir da dinâmica das conversas ao longo do tempo. No espaço do blog, essa noção é muito mais difusa, e talvez nos obrigue a "por roupa de domingo" na hora de postar.
E vamos dar sequência a essa conversa, afinal ter clareza da natureza desses espaços e dessas ações deve nos auxiliar a usá-las melhor.
-.-.-.-.-.-.-

Aliás, vejo que a Sú, nesse post, traz uma boa provocação para o adensamento da conversa nos comentários do blog, ao invés da lista. Certo, Sú, vamos verificar se isso contribui para a ampliação da conversa.

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domingo, abril 05, 2009

Mobilidade, desconforto muitos erros

Testando postar do ipod.
Desconfortavrl mas possibel.
Olha so quantas letras erradas
Se for corrigir tudo nunca postaria.

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sábado, abril 04, 2009

Projetos exemplares


Eu já era fã dos trabalhos da Gládis Leal e da Marli Fiorentin, mas ouvi-las falando sobre sua experiência e contando o que valorizam em seu trabalho no dia a dia é uma lição de foco, preocupação com o público alvo e compreensão do real potencial das ferramentas selecionadas.
O blog Vidas Secas: da ficção à realidade, pilotado pela Marli em 2005, surgiu a partir da observação das angústias locais num ano de forte estiagem. Esses jovens, de Nova Bassano, na região de Caxias do Sul, foram então conhecer o legado cultural produzido a partir de uma outra seca, muito distante, há muito tempo atrás. E a partir da literatura, do cinema, do desenho, da pintura, da escrita, puderam pensar em suas histórias de uma forma diferente.
O Palavra Aberta, da Gládis, partiu de vídeos produzidos no programa Conexão XXI, que aborda questões críticas para a vida social a partir da voz dos próprios jovens. A intenção da Gládis, que participou também na produção dos programas, era torná-los acessíveis a um número muito maior de pessoas e criar situações de reflexão conjunta sobre esses temas, reunindo alunos e professores de diversas localidades. Há pelo menos dez estados do Brasil que já participaram das conversas do Palavra Aberta.
Esse são só dois dos projetos que as duas tem para contar. O reconhecimento que tem recebido, com prêmios nacionais e internacionais, são um estímulo para outros educadores as tomarem como inspiração.

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